24/09/2009

Conto (as avessas) de Fadas...



POSSIBILIDADES
parte I



Era uma vez, uma adimrador secreto, que supostamente gostava de mim... Nesta história conto lhes o final desde já, pois um dia existiu uma possibilidade, que hoje, já não existe mais. Mas para entenderem melhor, deixe-me explicar como tudo começou...

No principio era interessante saber que existia um admirador, que gostava de mim e sabia a roupa que eu usava diariamente, os meus horários no trabalho e na faculdade, quem eram meus amigos... Depois de um tempo, isso já me preocupava, pois ele não sabia apenas o que todos sabem, ele também sabia o que eu comia, com quem eu falava, o que falava, meu telefone, email, msn, endereço. Tinha fotos minhas e também me mandava chocolates e presentes constantemente. E eu sem saber quem era esta pessoa.

Em alguns momentos eu me achava num conto de fadas, como poderia existir um admirador secreto tão próximo e tão distante ao mesmo tempo. Mas em contos de fadas que se preze, precisa existir um grande vilão e no meu caso não seria diferente. Mas não poderia ser um vilão qualquer, foi alguém que eu conhecia desde praticamente quando cheguei na cidade, que conheço antes de entrar na Universidade, e que hoje em dia estuda comigo. Ele, meu "amigo" foi um dos grandes colaboradores do meu pseudo/príncipe-encantado/secreto. Informações falsas, deturpadas, inveja e ódio fizeram parte do cardápio de informações oferecidas sobre minha pessoa. Não, eu não sou um exemplo da moralidade e dos bons costumes, e não me importo em se-lo, mas o exagero e as mentiras foram grandes...

Eu continuava sem saber quem era o admirador secreto, e por algum tempo, também não sabia quem era o vilão da história, se bem que o vilão ao fim de tudo será a consciência individual de cada um de nós envolvidos nesse devaneio coletivo. Existe também uma fada, meio fora de forma e atrapalhada na verdade, mas ainda assim uma fada. Ela coexiste nos dois mundos - o meu e do admirador - e se tornou o único elo entre nós e foi responsável por momentos hilários, tensos e cheios de muita confusão também...

O tempo foi passando, dias, meses... Encontros e desencontros, verdades e segredos íntimos trazidos a tona e o que poderia ter se desenrolado para um final feliz, digno das grandes histórias de amor tomos as cores dramáticas dos filmes de Almodóvar e promete um desfecho digno de Nelson Rodrigues. O medo, a insegurança do desconhecido fez os castelos desmoronarem...



IMPOSSIBILIDADES
parte II

Eu continuo minha caminhada, às vezes ainda penso que poderia ter tomado outro rumo, mudado a direção, mas não me arrependo de nada, faço o que quero. Se minhas atitudes se converteram em lágrimas ou sorrisos, somente eu poderei julgá-las.

Tive momentos intensos, fui a formaturas de grandes amigos e partilhamos momentos de grande alegria e você não estava lá... Dancei, sorri e você não estava lá... Nos momentos tristes, nas horas de fraqueza e do choro abafado, quando precisei de conforto e atenção você também não estava lá... Depois de algum tempo eu me acostumei...

Eu acreditei que fosse possível, que pudesse vir a gostar do tal admirador. Ele conseguiu me fazer sonhar por um breve espaço de tempo, e foi quase um heroi byroniano pra mim. Meus amigos ainda não acreditam que eu não o conheço e que nunca o vi pessoalmente, na real eu já o vi sim, mas eu não sabia quem ele era, e tirando algumas poucas fotos que eu consegui depois de muito esforço e algumas informações da fada roliça, isso é tudo que sei...

Existe uma terceira pessoa envolvida, que se eu fosse levar em conta as histórias infantis, ou o imaginário geral da população, seria mais uma vilã na historia. A sogra, sim ela mesmo, que sem me conhecer, se tornou uma peça fundamental. Não posso dizer que nos tornamos amigos, pois não a conheço pessoalmente, mas temos algo em comum, ela sabe quem eu sou e sabe o que seu filho sente por mim e tem se mostrado uma pessoa ímpar, compreendendo e ajudando da maneira possível. Nesse nosso relacionamento informal compartilhamos filmes, bolos, tortas e a vontade que seu filho tome as decisões certas e seja feliz...

As impossibilidades foram tomando forma, eu não me isolei do mundo e fiquei esperando na janela o dia que o príncipe encantado iria chegar e me salvar, mas tinha esperança que ele chegasse um dia... Não fiquei sozinho, não tenho vocação pra ser um bom garoto, prefiro ser eu mesmo. Quando me diverti tinha alguém do meu lado, e quando chorei, também tive um ombro amigo. As companhias foram agradáveis, mas eu realmente esperei pelo dia que o admirador tomasse coragem e saísse da sua conveniente insegurança e se tornasse algo mais em minha vida. Ao fim o maior vilão dessa história foi ele mesmo...

O príncipe virou sapo e a Cinderela virou abóbora antes do primeiro beijo...




FIM

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